“Consertaremos isso depois!” é sempre a frase mais dita pelo produtores de filmes quando surge algum imprevisto. Infelizmente, as coisas sempre tendem a darem errado na pós-produção, na maioria das vezes graças a interferência dos estúdios.
As vítimas incluem…
I Am Legend – Eu sou a Lenda

Como deveria ser:
Nesta adaptação do clássico de horror escrito por Richard Matheson, Will Smith interpreta o Dr. Robert “Legend” Neville, o último sobrevivente de uma cidade infestada por vampiros mutantes.
No final original do filme, Neville é pego de surpresa quando os vampiros conseguem passar pela sua barricada e se infiltram no seu esconderijo (quem irira imaginar que se trancar num lugar fechado no meio de uma cidade cheia de vampiros seria uma má idéia?).
Sim. No original, os vampiros revelaram-se serem criaturas inteligentes e benevolentes que apenas estavam tentando resgatar um vampiro que Neville havia capturado antes.

Não apenas o livro termina de maneira semelhante, como na verdade, é esse o principal ponto do livro. É por isso que o título se chama “Eu sou a Lenda”. Neville descobre no fim que os vampiros são gente boa e que ele na verdade é que é o mostro da lenda dos vampiros. talvez um título como “Eu sou um cusão” fosse mais apropriado.

A versão “melhorada”
Após um feedback negativo sobre esse final realizado com uma audiência de testes os produtores decidiram mudar o final da história. No novo fim, Neville contra-ataca os vampiros para proteger seus novos aliados. Ele faz isso jogando uma granada a centímetros do rosto deles, destruindo toda a fortaleza e atingindo severamente seus companheiros. Cagada hein. Vale notar também que no final original, Will Smith havia matado apenas alguns vampiros que tentavam resgatar a menina.
Isso acaba gerando outro problema. Durante todo o filme, havia pequenas dicas que sugeriam que os vampiros eram seres inteligentes, mas no fim isso é completamente ignorado. Os vampiros se tornaram nada mais que selvagens loucos por sangue e horror.

Talvez a parte mais triste disso tudo é que ninguém envolvido na produção realmente acreditava na mensagem da história. Eles não produziram um filme para transmitir algo pra quem assiste, só pensaram em colocar cenas legais cheias de computação gráfica e chamar isso de filme.
Onde você pode encontrar o original:
O final original pode ser encontrado no DVD do filme, na cena bônus intitulado “O Controverso desfecho original” . Quer dizer que se reconciliar pacificamente com os inimigos é agora mais controverso do que explodir seus miolos? tsc-tsc
Superman II – Super-homem 2

Como deveria ser:
Superman II era pra ser um épico conto de Richard Donner sobre o cara mais poderoso da Terra e o porque ele deixou aliens invadirem o mundo só pra se mostrar. Superman II talvez seja o primeiro filme de super-herói a realmente ter uma queda de braço com um vilão. Uma violenta richa entre o Super-homem e o General Zod acabou deixando o homem de aço amassado debaixo de um ônibus
A maior parte de Superman II foi filmada juntamente com o filme original por Donner. Donner está mais pra escola de filmes de heróis de Chrisopher Nolan (The Dark Knight) do que para Joel Schumacher (Batman & Robin), então para Donner um filme não necessariamente precisa ser feito só com cenas de ação. Ele até mesmo trouxe seus próprios roteiristas caso alguma parte do script não lhe agradasse.

Isso tudo funcionou perfeitamente, exceto pelo fato de que os produtores odiavam a “presunção” de Donner, no entanto depois eles deveriam ter odiado eles mesmos. Donner foi demitido do cargo quando o filme atingiu a marca de 75% completos.
A versão “melhorada”
O estúdio contratou o diretor Richard Lester para refilmar a maior parte do filme. O resultado final marca o exato momento em que uma franquia já articulada sobre um homem invulnerável que viaja no tempo dando voltas na Terra rapidamente, se torna ridículo.
Por alguma razão, Lester achou que deveria incluir cenas de comédia que mais parecem saídas da “Praça é Nossa” na cena da luta do homem de aço. Então quando o vilão solta seu super bafo pela cidade, somos obrigados a ver um sorvete de casquinha voando no rosto de um cara.

Lester ainda achou que deveria dar aos Criptonianos mais poderes ainda, como se super-força, visão de raio-x, invulnerabilidade, viagem no tempo e super-ventriloquismo não bastassem. Em uma das mais inexplicáveis mudanças nos mitos do Super-homem, nosso herói ganhou o estranho poder de jogar sua insígnia no inimigo. Sim, o poder do super-logotipo O.o

É injusto no entanto dizer que tudo de bom em Superman II se deve a Donner, e que tudo de ruim foi culpa de Lester. Quando foi dado a Lester o poder de filmar uma saga de Superman desde o começo ele nos presenteou com Superman III. Um dos melhores da série.
Onde você pode encontrar o original:
Em 2006, Donner recriou seu filme usando cenas antigas e lançou o DVD Superman II: The Richard Donner Cut.

tá vai, não dá pra perceber tanto assim…
Dawn of the Dead – Despertar dos Mortos

Como deveria ser:
Nesta primeira saga, o diretor George A. Romero critica o consumismo americano com a seguinte mensagem, “Se vocês insistirem em ficar comprando porcarias, não se surpreendam se zumbis invadirem o shopping local e acabarem com sua raça. Só estou avisando.”
Abaixo o capitalismo!
A versão melhorada:
O produto final tenta trilhar dois caminhos. A cena em que todos entram em desespero para cometer o suicídio é mantida…
…mas de repente, Peter muda de idéia sem nenhum motivo aparente e escapa facilmente até o helicóptero com uma música triunfal de fundo na cena inteira.
2 comentários:
I like your writing style. Nice blog.
Thanks Man!
Postar um comentário